domingo, 22 de julho de 2012

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 9jul2012

            Hoje falarei sobre como as bactérias que se encontram na boca podem levar a um problema cardíaco e  placa de relaxamento muscular bucal.


       A quase totalidade dos congressos de cardiologia dos tempos atuais tem debatido um tipo de problema cardiológico que vem se tornando cada vez mais freqüente entre seus pacientes, que são as endocardites bacterianas, decorrentes de processos infecciosos, principalmente os que têm origem na cavidade oral e, por conseqüência, causadores de uma proliferação de bactérias nocivas ao organismo. O fato preocupante é que pessoas com alguma predisposição a problemas cardiológicos, com uma simples inflamação das gengivas ou infecção de um canal não tratado, aumentam enormemente o risco de sofrerem acidentes cardiológicos, que poderiam ser evitados ou ter seu risco sensivelmente reduzido.

Solução odontológica para estes problemas é simples e de fácil tratamento. Constitui-se no tratamento de cáries, inflamações das gengivas decorrentes da presença de tártaro ou placa bacteriana e tratamento dos canais radiculares quando infeccionados ou em vias de vir a apresentarem problemas em decorrência de cáries muito extensas, não tratadas no tempo certo. Solucionada a origem destes e de algum outro problema que poderá vir a se tornar foco infeccioso, além da correta continuidade de higienização para que os motivos que originaram estes problemas não retornem, a probabilidade de propagação de bactérias  originadas na cavidade bucal reduz-se a quase improbabilidade de seu ressurgimento enquanto mantido o tratamento. Pacientes que já apresentaram manifestações cardiológicas ou de infecção na cavidade oral, devem ser, eles próprios, os grandes zeladores para que as causas destes riscos não voltem a se manifestar.

A partir dos trinta e cinco, quarenta anos, pessoas com algum histórico cardiológico na família ou portadores de algum fator de risco, como, por exemplo: hipertensão, fumo ou dependência alcoólica devem anualmente fazer um “check up” bucal, procurando identificar dentes ou áreas das gengivas que, se não tratadas, poderão originar um processo infeccioso e permitir que as bactérias dele conseqüentes migrem naturalmente, com os alimentos, para a circulação sanguínea e desta para o coração. Os cardiologistas, por estarem preocupados com outros sintomas ou manifestações dos problemas do coração, nem sempre tem sua atenção voltada para este fator de risco, até porque os exames cardiológicos, de rotina não incluem exame bucal e mesmo que o fizessem, seria difícil a identificação destes problemas por se tratar de outra área, com patologias distintas.

Todo paciente, com algum tipo de problema cardio­lógico, mesmo que de pequeno risco, deve informá-lo a seu dentista, para sua própria segurança e para que o profissional de posse desta informação use medicamentos e materiais apropriados para o seu caso, como por exemplo, anestésicos sem vaso constritor. Não tendo esta informação os dentistas usam, rotineiramente, os do tipo com vaso constritor, para evitar ou diminuir o sangramento, ainda que pequeno, durante seu trabalho, para comodidade do paciente. Outra razão é a prescrição de medicamentos após as cirurgias que caso, haja contra-indicação, pode e deve ser alterada. Não existe motivo para pacientes com algum tipo de problema cardiológico buscar especialista na Odontologia, mas não deve o paciente a qualquer pretexto omitir tal informação. Todos os dentistas foram preparados durante os longos anos de estudo que tiveram, a tratar pessoas nestas situações, inclusive para primeiro socorros que por ventura se façam necessários. Comentado o fato, os dentistas tratarão inclusive de diminuir a ansiedade do paciente que poderia levar a um aumento da pressão, fazendo com que seu tratamento ande num ritmo mais pausado, sem apuros.

Um dos males que mais afeta a humanidade nos dias de hoje, e que será a doença mais comum do futuro próximo é o estresse. Com a massificação da mídia, o câncer perdeu lugar para a AIDS, como motivo de maior temor e esta depois de vinte anos já está deixando de ser notícia, permitindo antever que, em breve, o maior medo das pessoas com relação a morte estará relacionado ao desgaste da trepidante vida moderna, sua competitividade, o desgaste natural de viver intensamente e os riscos de enfarto, uma das respostas a globalização. Mesmo nos períodos de repouso, as pessoas continuam tensas e uma das conseqüências é apertar ou ranger os dentes, ato chamado de bruxismo e bruxômano o seu portador. Inicialmente considerado um hábito, depois entendido como um vício e hoje estudado e tratado como doença, principalmente pelo fato de destruir próteses, quebrar restaurações, provocar ao longo dos anos um afrouxamento dos dentes e gerar um tipo de doença periodontal, o bruxismo pode causar ainda traumas oclusais,  perda óssea, e desgaste dentário excessivo.

 Por todos estes motivos os seus portadores, muitas vezes sem saber, correm riscos que poderiam ser evitados, caso algum parente percebesse esta anomalia durante seu sono e lhe relatasse. Assim alertado, seu dentista poderá intervir antes que o mal se alastre e próteses precisem ser trocadas. Principalmente porque o tratamento para este mal é simples e fácil e, além de barato, não causar nenhum tipo de dor. Consiste no uso de uma placa de relaxamento, normalmente usada no período noturno, enquanto se dorme, sem nenhuma interferência no seu sono. Confeccionadas em acrílico transparente a partir de uma moldagem de seus dentes, funcionam como mio-relaxantes, impedindo o ranger dos dentes e distribuindo o apertar dos dentes para toda a arcada, ao invés de sobre alguns poucos, como acontece sem o uso da placa. A indicação inicial é somente para uso noturno, durante seis meses, para promover um relaxamento da musculatura dos maxilares, que, após reposicionada, tende a eliminar o ranger dos dentes. Portadores do problema há mais tempo e que nunca o trataram ou que sejam, por natureza, muito tensos e agitados e que já apresentem sintomas adiantados, com risco de perda dos dentes ou quebra de próteses, poderão ser orientados a usar as placas de relaxamento por mais tempo, principalmente nos seus momentos de maior estresse, como dirigir nas grandes cidades, por exemplo.

As vantagens do uso das placas mio-relaxantes são imediatas. Já nos primeiros dias se constata uma melhora significativa, principalmente nos pacientes que apresentavam dor na articulação temporomandibular. Esta tende a sumir em poucos dias de uso da placa e o ato de morder os dentes tende a diminuir pela simples presença de um anteparo, que, além disso estará protegendo dentes, restaurações e próteses do ranger que não mais acontece. A pior coisa que pode acontecer depois dos seis meses de uso da placa, caso a pessoa continue na vida agitada é ter que, a cada período de seis meses, voltar a usar a placa. Para muitos, a simples reposição da musculatura e mandíbula é suficiente para solucionar o problema em definitivo.

Tendo vida agitada e na dúvida, relate o fato a seu dentista, que por observações na face oclusal dos seus dentes, poderá identificar desgastes por mordedura crônica e, para fazer um diagnóstico mais completo, poderá indicar-lhe o uso de uma placa por um período menor, como maneira de se certificar de seus sintomas com relação a estas e outras disfunções da articulação temporomandibular, que também podem requerer placas mio-relaxantes como alternativa de solução.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 28mai2012

              Hoje falarei sobre prótese dentária e como melhorar sua saúde como um todo.

        Durante o período prolongado que uma pessoa passa sem tratar adequadamente dos seus dentes, a consequência, somada à pouca higienização que se costuma fazer nestas situações, muitas vezes levam à necessidade de colocação de próteses dentárias, que substituirão um ou mais dentes perdidos. Estas próteses se sustentam nos dentes vizinhos ao perdido, que são preparados para este fim. As modernas cerâmicas, dão condições para que o serviço feito não pareça um dente artificial. Isto no caso de ser só um o dente a ser reposto, caso em que a prótese é chamada de unitária. Sendo mais de um a ter necessidade de substituição, sua denominação é prótese múltipla. Nesta situação, necessitando-se de mais dentes para apoiarem os que serão substituídos.

Os dentes são preparados para receberem as próteses que sustentarão, com tratamentos de canal ou das gengivas, sempre que necessário, além de receberem preparos para deixá-los em um formato que possibilite sustentar melhor a prótese. Após feitos estes preparos, faz-se um molde que um protético irá trabalhar, para construir uma estrutura metálica, que servirá de sustentação para os dentes artificiais que nela serão colocados. Para estes é feita uma escolha de cor, levando-se em conta a cor dos demais dentes e o formato dos mesmos, no lado oposto de sua arcada. Terminado o serviço, antes da colocação, ele recebe um tratamento para deixar sua superfície mais resistente, como o que acontece no esmalte dos dentes e com uma aparência mais viva, como se fossem dentes naturais. Durante o período que o protético confecciona sua prótese, você utilizará uma, dita provisória.

A vantagem das próteses feitas atualmente é que elas não parecem artificiais, muitas vezes até melhorando a aparência de quem as coloca. Levam em consideração a sua articulação, visto que são montadas em um modelo de estudos e de trabalho, conhecido como articulador, que simula os movimentos da mastigação. Os dentistas que fazem boas próteses deixam espaços adequados para que você consiga fazer sua higienização, de forma a conservá-la por muitos e muitos anos. A pedido do cliente, podem ser feitas algumas alterações de forma a deixar o sorriso mais adequado a cada tipo de personalidade, considerando a linha do sorriso de cada pessoa.

Se você tiver um dente que recebeu tratamento de canal, que teve uma restauração grande ou um problema de gengiva e voltar a dar sinais de problemas, não permita que estes evoluam sem uma consulta ao seu dentista. Se não o fizer, o problema certamente aumentará, fazendo com que, em breve, a solução seja uma prótese e, por consequência, mais cara. Se o problema ficar sem solução por alguns anos, a situação extrema é a perda de todos os dentes, o que fará de você um mutilado dental. Preserve o que seu Criador lhe deu de graça, cuidando para manter a melhor dentição que você já teve. A primeira foi temporária (dentes de leite) e a terceira lhe sairá bem mais caro: os implantes. Tratando na fase inicial, seu próprio dentista terá condições de atendê-lo com um custo razoável. Deixando para tratar depois, terá que buscar especialistas e gastar muito mais. Mesmo que seu problema tenha avançado, não deixe de consultar seu dentista, porque ele é a melhor pessoa para lhe indicar o especialista você precisa, o qual lhe fará um bom serviço.

Quando você tem uma boa casa, tem prazer e orgulho de conservá-la bem. Com seu carro ocorre o mesmo, o que também acontece com sua roupa e objetos de uso pessoal. Isto vale para tudo o que você preza e gosta, chegando ao ponto de fazer seguros para protegê-los. Com sua saúde não pode ser diferente. Toda empresa que quer preservar seus funcionários faz um plano de saúde para eles. Com nosso corpo, nossa saúde, temos que fazer o mesmo: precisamos conservá-la. Considerando-a como um todo, esta é a maneira de melhorá-la.

Como nosso corpo, não convém deixá-lo debilitado, combalido, para então buscar tratamento. Nestes casos, aumentam os riscos e elevam-se os custos para tratá-lo. Pode-se fazer um “check up” para vermos tudo o que temos, mas não devemos deixar todos os problemas se avolumarem para depois combatê-los. O certo é tratá-los um a um, na medida em que forem surgindo, impedindo que um problema não tratado acabe gerando outro ou outros. Assim fazem os que se acostumaram a dar valor para sua saúde corporal, nosso maior patrimônio, depois do conhecimento. Assim deve ser com nossa saúde bucal. Deve-se ir tratando coisa por coisa, à medida em que forem aparecendo. A maioria ainda não está acostumada a isto, senão os dentistas já teriam um “check up bucal” pronto para aplicar-nos e, assim melhor planejar o acompanhamento de nossa saúde bucal. Aos que já o conquistaram, nossos parabéns e que sirvam de motivação para os demais, que assim passam a ter exemplos reais de suas vantagens.

Perder um compromisso social, um show ou um jantar por causa de dor de dentes é tão vergonhoso que não gostamos nem de relatar o real motivo que nos levou a perdê-lo. Hoje, faltar a um dia de trabalho ou a um compromisso profissional por dor de dentes é tão vexatório quanto mal aceito pelas gerências. Se for uma hora despendida para ir ao dentista ninguém reclamará, provavelmente nem se notará, assim como uma pequena limitação pelo uso de um provisório também não será percebida socialmente, como seria uma falta. Tratando bem dos dentes, de maneira preventiva, nunca se perderá uma oportunidade ou um momento inesquecível. As explicações pelas coisas perdidas deixarão de existir e as comemorações e conquistas serão sempre acompanhadas de sorrisos.

Seu dentista saberá sempre como orientá-lo na adoção de um plano para tratamento global imediato, com parcelamento para este derradeiro tratamento e motivá-lo para, a partir de então, fazer um acompanhamento semestral ou anual com uma simples consulta de profilaxia e manutenção. Conscientize-se disto e faça já o último grande tratamento dentário de sua vida. Se tiver alguma dúvida quanto a isto, peça que ele lhe indique um amigo em comum que possa lhe servir de comprovação, exemplo e motivação. Não tenha dúvida ou receio em conversar com ele. Só temos vergonha de falar das coisas erradas que fazemos. Das corretas, falamos com prazer e, sempre que solicitados nos colocamos na condição de modelos para o bem de nós mesmos e do próximo. Seja você o próximo a dar o bom exemplo e a servir de exemplo para seus familiares e amigos, tornando-se amigo de seu dentista e não só alguém que o teme por medo de seus próprios problemas. Seu relacionamento com ele e com as demais pessoas vai melhorar e sua saúde como um todo também.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 14mai2012

                   Hoje falarei sobre tratamento de canal e câncer bucal.

Canal radicular é a parte das raízes dos dentes por onde passa o conjunto de vasos e nervos que ligam os dentes ao sistema nervoso central. Pode-se dizer, também, que é o espaço ocupado pela polpa dentária radicular. Em conseqüência de cáries não tratadas e que atingem o terceiro grau (o primeiro é o esmalte, o segundo a dentina e o terceiro a polpa ou canal), quando ele ainda se encontra com vitalidade, penetrando na câmara pulpar numa forma de invasão, contaminando esta região, a qual se isto não acontecesse, permaneceria fechada, sem contato com o meio externo. As proteções maiores estão no esmalte e na dentina. Quando chega na polpa, a invasão é rápida e fácil, desencadeando o processo de infecção dos canais radiculares. Este é o momento em que os canais precisam ser tratados, inclusive porque, na sua fase aguda, com os microorganismos enclausurados nos tecidos, a dor é intensa, chegando em muitos casos a ser insuportável.

 A primeira parte do tratamento de canal é sua desinfecção, quando se removem os restos pulpares com dentina infectada e outras substâncias estranhas das paredes dentinárias. Esta etapa é mecânica, mas inclui a utilização de elementos químicos, como o hipoclorito de sódio para lavagem dos condutos. Sua complementação é feita com medicação para ação regenerativa indutora da formação de uma capa dura de hidróxido de cálcio para sua proteção, na forma de um recobrimento direto ou indireto. Conclui-se o tratamento do canal com sua obturação definitiva, fase que só acontece após um fechamento provisório por 24 horas, para melhor avaliação do tratamento feito. De acordo com as necessidades de abertura do canal, pela perda de dentina e esmalte, a obturação é feita para permitir maior resistência ao dente, ou ainda, para que o mesmo possa receber uma restauração metálica ou servir de suporte para confecção de uma prótese apoiada em sua estrutura remanescente.

Motivo maior para se fazer o tratamento de canal é não perder o dente. Nos casos em que o tratamento de canal é feito em tempo hábil, permite-se o aproveitamento integral do dente mediante uma simples restauração. Se alguns dentes já foram perdidos, outros dentes serão utilizados para sustentar próteses que irão repor os dentes perdidos. Nestes casos, quase sempre o tratamento de canal é necessário para que não aconteçam problemas depois que a prótese já tenha sido colocada tendo-se que removê-la para tratar os canais. Outra vantagem do tratamento de canal, quando necessário, é o fato de que um canal tratado tira a vitalidade daquele dente, ou seja, este dente não tem mais possibilidade de vir a doer. Deve-se pensar também que dentes infeccionados estão espalhando pelo corpo agentes infecciosos, justamente por nossa porta de entrada mais direta, que é a boca, podendo desencadear outros processos infecciosos. Por estes motivos, canais infeccionados devem ser tratados o quanto antes, inclusive para evitar a fase aguda, em que a dor é latejante.

Todos os dentistas aprendem a fazer tratamentos de canal. Os canais dos dentes anteriores, além de serem unitários, são retos e de mais fácil tratamento. Os pré-molares tem dois canais e os molares três, sendo, nestes últimos, comuns os canais curvos em função de serem tortas as raízes de muitos dentes. Canais curvos, e com canais secundários são de mais difícil tratamento, motivo pelo qual alguns profissionais preferem optar por encaminhar este tipo de paciente a especialistas. Os especialistas em tratamento de canais são chamados de endodontistas e, normalmente, preferem que os pacientes venham indicados por seus dentistas, para saberem de antemão o que pretendem estes colocar sobre o dente que terá seus canais tratados. Canal só dói se não tratado. Feito o tratamento, não dói mais.

 Existe um conjunto de procedimentos destinados a acompanhar periodicamente as pessoas interessadas em precaverem-se quanto ao surgimento das diversas possibilidades de câncer da cavidade oral, que são: câncer do palato, câncer da área retromolar, região situada atrás dos dentes molares; câncer das gengivas; câncer do lábio; câncer da língua; o mais fatal entre os da cavidade oral, principalmente se em diagnóstico tardio, câncer dos ossos maxilares e o câncer da região jugal, também conhecido como câncer das bochechas. Exames periódicos (por exemplo, uma vez ao ano junto com a consulta de “check up” bucal)  ajudam a identificar pequenas lesões que, se não tratadas poderão evoluir para alguma forma de câncer.

Maneiras de prevenir e minimizar os riscos de surgimento do câncer bucal são iniciativas simples, embora envolvam decisões que alguns relutam em tomar. A primeira é fácil: boa higiene oral, a segunda é a partir da eliminação de possíveis irritadores, como bordos filosos nos dentes, terceiro é o tratamento imediato de todo e qualquer foco infeccioso, quarto são correções de próteses mal adaptadas ou frouxas que podem provocar feridas crônicas e por último o mais difícil: interromper o vício do fumo, que é um dos maiores causadores de câncer na cavidade oral. Como prevenção, qualquer lesão bucal que não seja diagnosticada com segurança deve ser motivo de biópsia, para tirar dúvidas e permitir tratamento em sua fase inicial, pois como em outros tipos de câncer, nesta fase existem melhores e maiores condições de serem tratados. Como tratamentos, os mais usuais são a cirurgia e as radiações. Para esta região do corpo humano, nos casos de câncer bucal, a maioria tem indicação para a cirurgia e alguns casos recebem orientação para radiação, acontecendo às vezes indicação para tratamentos envolvendo ambos. Antes da decisão por qual tratamento, o importante é que a pessoa esteja amparada por um especialista competente em diagnóstico na área.

Havendo suspeita, o melhor caminho é um diagnóstico o quanto antes, para aumentar as chances de um prognóstico positivo. Os sinais ou indícios de câncer da boca são as feridas sem cicatrização espontânea, regiões endurecidas continuamente, dificuldades de movimentação da língua, problemas para deglutir alimentos, dificuldades na fonação, aumento significativo na secreção salivar. Fora da cavidade oral, deve-se prestar atenção em nódulos endurecidos na região do pescoço. Quaisquer destas presenças separadas ou em conjunto devem servir de alerta para um exame mais criterioso e encaminhamento a especialista. Neste caso o profissional mais indicado é o patologista bucal, que por sua atuação e conhecimentos, é o especialista mais capacitado para os primeiros procedimentos em casos de suspeita de câncer. Se considerarmos que a maioria das indicações de tratamentos para os diversos tipos de câncer bucal serão por intermédio de intervenção cirúrgica, também pela necessidade de encaminhamento de exames do tipo biópsia, os cirurgiões bucomaxilo faciais, dentre os especialistas da Odontologia, são os mais acostumados e conhecedores quanto ao tipo de exames a serem solicitados e a forma correta de fazê-los.
Lugares certos para encontrar especialistas na área da cirurgia e patologia, são as faculdades de Odontologia, que sempre tem professores nestas especialidades, e na maioria dos hospitais, especificamente na traumatologia, onde, normalmente, costuma figurar um cirurgião bucomaxilo facial na equipe. Todos os bons profissionais conhecem os mais importantes cirurgiões bucais da cidade, que devem ser os procurados, tanto para diagnóstico, como para tratamento dos diversos tipos de câncer da cavidade oral.

Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 16abr2012

                   Hoje falarei sobre implante dentário, estomatite e mal-oclusão.

Antigamente, quando se perdia um dente, por cárie, acidente ou doença periodontal, a alternativa era desgastar dois dentes vizinhos e cimentar uma prótese. Quando se perdiam muitos dentes, fazia-se uma ponte móvel, apoiada em alguns dentes e nas gengivas e no caso da perda de todos os dentes, confeccionava-se uma dentadura, apoiada exclusivamente nas gengivas. Com a chegada dos implantes, que são raízes artificiais, colocadas no lugar e com semelhanças em forma e função, perdido um dente, coloca-se um implante e em cima deste uma prótese exatamente igual ao dente perdido e o caso está resolvido sem ter que desgastar nenhum dente bom que estiver ao lado do implante, pelo contrário, por não desgastá-lo, ajuda-se a mantê-lo. O mesmo acontece quando a perda for de mais de um dente e no caso da perda de todos os dentes, podem ser colocados dois a quatro implantes, de acordo com o caso, e nestes apoiar uma sobre-dentadura, que terá muito mais estabilidade que a dentadura convencional, além de permitir mastigar, falar e sorrir melhor do que se fazia antes.

A colocação é simples e feita no próprio consultório do dentista, que no dia receberá cuidados especiais, sem dor e que demorará menos de trinta minutos por implante colocado. Se forem mais implantes, demorará menos ainda, porque alguns procedimentos são repetitivos e dispensáveis no caso de mais implantes. Toda colocação consiste em abrir um orifício no osso, como era o que você tinha suportando a raiz do dente, e neste introduzir o implante, fechando-o com uma tampinha de proteção. Depois de unido ao osso, remove-se a tampinha e no lugar desta é colocada a prótese, sem dor, sem anestesia e com a vantagem de poder ser trocada, caso, por alguma batida, você vier a quebrá-la, o que não acontecia antes com os dentes.

Uma das grandes vantagens dos implantes em relação às próteses que se usavam antes, é que embaixo destes, quando bem higienizados, não ocorrem cáries e nem forma a placa bacteriana. Outra é que não precisando usar os dentes vizinhos como apoio, não são necessários tratamentos de canal, que eram indispensáveis no caso deste dente vir a sustentar próteses. Além do que a prótese sustentada em dois dentes para repor o perdido entre eles era cobrada como três, por que envolvia três coroas, duas nos dentes e uma suspensa. No caso dos implantes é cobrada somente uma, porque somente o implante recebe a prótese. Na prática a grande vantagem é que o implante é uma coroa única, sem se apoiar nos vizinhos e nas próteses eram unidos por trás, fazendo com que a higienização tivesse que passar a ser feita por baixo, com uso de escovas especiais e dificultando a passagem do fio dental, que nestas tinha que ser introduzido por baixo. Além disto, a maioria dos implantes recebem as próteses por micro-parafusos, que permitem ser removidas, sempre que houver suspeitas de má higienização.

Se você perdeu ou está perdendo um dente, não deixe de perguntar ao seu dentista sobre a colocação de um implante. Se ele não os coloca, lhe indicará um colega especialista, conhecido como implantodontista, que lhe colocará, sendo a prótese depois colocada por seu próprio dentista, visto serem mais fáceis e de mais precisão que as próteses convencionais. Somente casos muito complicados precisarão de próteses confeccionadas por especialistas. Os implantes baixaram tanto de preço, a exemplo de tudo que começa a ser feito em grande quantidade, que hoje, na maioria dos casos, saem mais baratos do que as próteses convencionais.

 As estomatites são afecções, estados patológicos que além de atingirem o tecido gengival podem invadir parte da mucosa bucal. As mais comuns são: a aftosa (na presença de tártaro), áurica (pelo sabor metálico), eritematosa (coincide com a erupção de um dente), cremosa (conhecida como sapinho, pela falta de higiene bucal), gangrenosa (resultado de um debilitamento físico geral), medicamentosa (administração sistêmica de medicamentos), nicotínica (ocorrem no palato, pelo hábito de fumar), protética (sob as próteses dentárias), sifilítica (manifestação da sífilis, transmitida por contato), dentre outras menos comuns. Os tratamentos são variados, normalmente em função da origem da doença, muitos deles simples, quando realizados logo após o surgimento da lesão.

Tratá-las logo é a maneira mais segura de impedir sua progressão ou propagação para outros órgãos. Assim que surgirem, procure observar bem suas alterações e sintomas, para relatá-los no momento da consulta, facilitando assim seu diagnóstico. Procure lembrar e relatar também mudanças de hábito recentes ou anormalidades acontecidas.

Evite medicação caseira ou de palpiteiros, que na maioria das vezes são paliativos, sem agirem no combate ao foco principal. Não brinque com sua saúde, expondo-se a soluções propostas por quem nunca estudou o assunto e não tem livros para recorrer, buscando identificar a origem do mal e seu adequado tratamento que, de acordo com a gravidade, pode ir além de uma simples medicação. Confie em quem mais entende de doenças da boca: o seu dentista, que em caso de algo mais grave, o encaminhará a um especialista, que seguramente resolverá o problema.

 A mal-oclusão também chamada de má-oclusão, é decorrente de uma relação anormal dos maxilares superior e inferior, afetando a oclusão, que é o correto posicionamento dos dentes no ato de abrir e fechar a boca, tanto para falar como para mastigar, ou ainda em busca da posição de repouso. Podem ser antero-posteriores, vertical ou transversal, segundo as direções, e classificadas em dental, esquelética e combinada ou funcional, de acordo com as áreas. Todas tem inúmeras classes e sub-classes, que somente um profissional competente e estudioso será capaz de identificar para melhor tratar.

As maloclusões geram disfunções e, em muitos casos, dores e problemas na articulação temporo mandibular que, com o tempo, podem inclusive alastrar-se para dores de ouvido e enxaquecas, sendo seu tratamento uma maneira de eliminar ou prevenir dores que, muitas vezes, trazem desconforto extremo, por serem constantes e prolongadas, embora não intensas ou agudas na sua fase inicial.

Muitas vezes, ou quase sempre, é difícil para o leigo identificar um problema relacionado à maloclusão e quando a dor aparece já é sinal de que o mal já está instalado, a ponto de prejudicar o bom funcionamento da articulação. Por este motivo é importante, na adolescência e início da idade adulta, uma análise específica, para avaliar se os fatores de oclusão estão em ordem. Normalmente, os dentistas que mais entendem de oclusão e maloclusão são os ortodontistas, os protesistas, os periodontistas e os implantodontistas, que serão as especialidades indicadas para o tratamento, pelo seu dentista, caso ele não seja um estudioso da oclusão.

           Neste último bloco quero dizer algumas palavras sobre auto-estima, diz respeito ao gostar de nós mesmos, de nosso corpo, de nosso rosto, de nosso sorriso. Participa na composição de nosso estado psicológico, do momento que estamos vivendo e da disposição que estamos tendo para com o enfrentamento das coisas da nossa vida, do nosso dia-a-dia. Quando estamos satisfeitos com o que temos e somos, a vida parece fluir mais solta, mais leve. Ao contrário, se temos algo que nos desagrada ou aborrece, perdemos um pouco o gosto pelas coisas, a vida parece que não anda. Colaboram para a auto-estima, principalmente, os detalhes com que convivemos. Por exemplo, uma mancha nas costas não nos aborrece tanto como uma fratura em um dente da frente.

Ter dentes bonitos e sadios é boa maneira de melhorarmos nosso grau de satisfação conosco mesmos, de nos fazer gostar mais de nossa aparência, de nos deixar mais seguros para enfrentarmos as situações que envolvam inter-relacionamento com outras pessoas, principalmente se forem estranhos. Irritamo-nos por alguma dor nas gengivas, alguma ferida bucal ou por ter perdido um dia de trabalho por dor de dentes, faz-nos ter um sentimento de ira para com nosso corpo, que é a perda temporária da auto-estima.

Para que isto não aconteça ou se estiver acontecendo, procure seu dentista, relate a origem de seu descontentamento e combine com ele uma maneira de tratar. Mesmo que você não possa fazê-lo no momento, peça para que ele lhe parcele o tratamento, pois com a auto-estima em alta, nosso desempenho melhora e nosso rendimento também, abrindo possibilidade para mais trabalho e novos ganhos. Se não for seu caso, pelo menos, dias de trabalho não irá perder, ou perder seu emprego pelas faltas e pela falta de auto-estima.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 02abr2012

        Hoje falarei sobre BRUXISMO E CLAREAMENTO DENTAL.


Um dos males que mais afeta a humanidade nos dias de hoje, e que será a doença mais comum do futuro próximo é o estresse. Com a massificação da mídia, o câncer perdeu lugar para a AIDS, como motivo de maior temor e esta depois de vinte anos já está deixando de ser notícia, permitindo antever que, em breve, o maior medo das pessoas com relação a morte estará relacionado ao desgaste da trepidante vida moderna, sua competitividade, o desgaste natural de viver intensamente e os riscos de enfarto, uma das respostas a globalização. Mesmo nos períodos de repouso, as pessoas continuam tensas e uma das conseqüências é apertar ou ranger os dentes, ato chamado de bruxismo e bruxômano o seu portador. Inicialmente considerado um hábito, depois entendido como um vício e hoje estudado e tratado como doença, principalmente pelo fato de destruir próteses, quebrar restaurações, provocar ao longo dos anos um afrouxamento dos dentes e a doença periodontal, o bruxismo pode causar ainda traumas oclusais,  perda óssea, e desgaste dentário excessivo.

 Por todos estes motivos os seus portadores, muitas vezes sem saber, correm riscos que poderiam ser evitados, caso algum parente percebesse esta anomalia durante seu sono e lhe relatasse. Assim alertado, seu dentista poderá intervir antes que o mal se alastre e próteses precisem ser trocadas. Principalmente porque o tratamento para este mal é simples e fácil e, além de barato, não causar nenhum tipo de dor. Consiste no uso de uma placa de relaxamento, normalmente usada no período noturno, enquanto se dorme, sem nenhuma interferência no seu sono. Confeccionadas em acrílico transparente a partir de uma moldagem de seus dentes, funcionam como mio-relaxantes, impedindo o ranger dos dentes e distribuindo o apertar dos dentes para toda a arcada, ao invés de sobre alguns poucos, como acontece sem o uso da placa. A indicação inicial é somente para uso noturno, durante seis meses, para promover um relaxamento da musculatura dos maxilares, que, após reposicionada, tende a eliminar o ranger dos dentes. Portadores do problema há mais tempo e que nunca o trataram ou que sejam, por natureza, muito tensos e agitados e que já apresentem sintomas adiantados, com risco de perda dos dentes ou quebra de próteses, poderão ser orientados a usar as placas de relaxamento por mais tempo, principalmente nos seus momentos de maior estresse, como dirigir nas grandes cidades, por exemplo.

As vantagens do uso das placas mio-relaxantes são imediatas. Já nos primeiros dias se constata uma melhora significativa, principalmente nos pacientes que apresentavam dor na articulação temporomandibular. Esta tende a sumir em poucos dias de uso da placa e o ato de morder os dentes tende a diminuir pela simples presença de um anteparo, que, além disso estará protegendo dentes, restaurações e próteses do ranger que não mais acontece. A pior coisa que pode acontecer depois dos seis meses de uso da placa, caso a pessoa continue na vida agitada é ter que, a cada período de seis meses, voltar a usar a placa. Para muitos, a simples reposição da musculatura e mandíbula é suficiente para solucionar o problema em definitivo.

Tendo vida agitada e na dúvida, relate o fato a seu dentista, que por observações na face oclusal dos seus dentes, poderá identificar desgastes por mordedura crônica e, para fazer um diagnóstico mais completo, poderá indicar-lhe o uso de uma placa por um período menor, como maneira de se certificar de seus sintomas com relação a estas e outras disfunções da articulação temporomandibular, que também podem requerer placas mio-relaxantes como alternativa de solução.


         Junto com os implantes, tratamentos ortodônticos e odontogeriatria, os tratamentos para clarear os dentes são uma das maiores novidades, principalmente após as descobertas de aplicação dos raios laser para esta função e por estarem relacionados à melhora da estética do sorriso, a vontade máxima da maioria dos pacientes que procuram espontaneamente os consultórios dentários. Praticados há décadas, talvez séculos, as tentativas de clareamento já passaram por diferentes métodos com o mesmo objetivo: embelezar os dentes. Foram ou são usados: pastas, discos, lixas, brocas, ácidos, líquidos, gel, corrente elétrica, fibra ótica, fotopolimerizadores e agora os aparelhos para emissão de raios laser. Desde a fase do uso do gel, os resultados tem sido animadores levando muitos clientes a buscarem uma melhora de sua aparência, pelo clareamento de seus dentes.

Antes de escolher o método é importante saber o que causa o escurecimento dos dentes: o primeiro deles é o próprio envelhecimento, em segundo, a higienização deficiente, terceiro, o hábito de fumar, quarto, a dependência de bebidas alcoólicas, depois o uso habitual ou vício de balas, chicletes, doces e outros coloridos artificialmente, que alteram, com o tempo, a pigmentação da superfície do esmalte dos dentes. Sem combater o agente causador do escurecimento, o clareamento será sempre um paliativo temporário. Ao submeter-se a um método de clareamento, procure, junto com seu dentista, identificar o que levou ao escurecimento e faça uma campanha sistemática de combate a este causador, não só para manter, por um tempo maior, seus dentes mais brancos, mas principalmente para melhorar sua saúde como um todo, o que em muito irá colaborar para melhora da moldura e suporte de seu sorriso: seu corpo. Os tratamentos de clareamento em si são simples e consistem, basicamente, na aplicação de agentes branqueadores, por diversos métodos, uns mais caros, outros nem tanto. Seu dentista o orientará para o mais conveniente no seu caso, em função da origem do escurecimento e de sua disponibilidade de gastos para este fim.

A grande vantagem da maioria dos métodos modernos é sua rapidez e eficiência. Alguns têm todo o processo concluído em torno de duas horas para a boca toda, outros fazem em duas ou três sessões de meia hora, com resultados visíveis imediatamente após o encerramento do processo. Ter os dentes mais brancos por qualquer método, mesmo que obtida por uma simples profilaxia, é sempre um incentivo a uma melhor higienização pela tendência natural do ser humano em conservar melhor o que está limpo e relaxar no que está descuidado ou sujo. Em qualquer hipótese, não esqueça que dentes brancos não são garantia de longevidade, porque se não acontecer a correta higienização na área subgengival, esta poderá acumular placa, formar tártaro, gerar doença periodontal e, finalmente, o afrouxamento e perda dos dentes, mesmo os branquinhos, bonitos e sem cáries.

Se tiver desejo de uma melhor aparência através do clareamento dos dentes, consulte seu dentista e peça  um plano de tratamento envolvendo clareamento e manutenção controlada. Todos os dentistas trabalham com mais de um método de clareamento. Informe-se quais os utilizados por seu dentista, pergunte por valores, inclusive dos métodos que ele não utiliza, e faça comparações. Mesmo que você se trate com um dentista que não use o método do laser e seja sua vontade fazê-lo, não deixe de comentar com ele, para que lhe indique um profissional de confiança para realizá-lo e para você não ter constrangimento de visitá-lo em necessidade e ele vir a perceber que algo foi feito. Inclusive para que ele faça o adequado acompanhamento de manutenção.

Antes de me despedir gostaria de parabenizar à toda classe odontológica do Distrito federal pelo excelente congresso internacional realizado na última semana no centro de convenções, onde contou com a presença de inúmeras autoridades da odontologia, sociedade organizada, e política local e nacional. Onde as palestras de abertura foram do Dr. Roberto Shiniashik, e logo em seguida pelo maestro João Carlos Martins, onde cada qual deu seu exemplo de trabalho, luta e superação, das adversidades que tiveram pelas suas vidas e como as enfrentaram. Foi um testemunho de fé e perseverança.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 19mar2012

                   Hoje falarei sobre três assuntos muito importantes para a saúde geral das pessoas, pois são casos onde a falta de cuidado pode levar inclusive a morte. No primeiro bloco falarei sobre abcesso, no segundo bloco será sobre alveolite e no último falaremos sobre a necessidade de se fazer extração dentária.

O abscesso é uma inflamação do ligamento alvéolo-dentário, estrutura esta que envolve a raiz. Podem regredir ou evoluir para formas agudas ou crônicas, dependendo do tratamento e da vitalidade dos tecidos da região. Podem resultar em necrose e supuração, transformando-se em granulomas. Os sintomas, que se iniciam por uma cárie são: dor, aumento de temperatura, vermelhidão e inchaço. O tratamento mais indicado é a incisão sem aprofundamento e drenagem. Completa-se o tratamento com antibióticos, aumentando-se a resistência à infecção, que pode ser preventivo à presença de bactérias.

Tratados, impede-se o aumento dos edemas, do processo doloroso das fases agudas e crônicas, além de se aumentarem das defesas do organismo. A intervenção antes da fase aguda previne a fase crônica e as necroses de tecido, características destas. Evita-se a supuração e exsudação plasmática, conseguindo-se a diminuição do tempo de encerramento do processo.

O ideal é nunca deixar que problemas, como uma simples cárie, possam evoluir sem tratamento e com agravantes representados pela má higiene oral, chegando a estágios tais como abscesso e granuloma. Nas visitas periódicas ao dentista, em espaços de tempo entre meio a um ano, este tem condições de acompanhar não só suas cáries, mas também a sua resistência à presença de microorganismos que desencadeiam estes processos. Todos os tipos de enfermidades da mucosa oral, como os abscessos, por exemplo, dificilmente ocorrem em pessoas que costumam dar uma atenção básica à saúde bucal, sendo, na maioria das vezes, presença somente entre os relapsos e negligentes, que pagam com perdas de dias de trabalho e riscos à saúde por sua displicência.

A alveolite acontece, normalmente, quando houve desintegração do coágulo de sangue que naturalmente se forma no interior do alvéolo (orifício onde estava o dente antes de uma extração). Costuma ser ocasionada por bochechos ou aspirações muito fortes no local da extração, pela própria pessoa, muitas vezes na boa intenção de manter o local mais limpo, quando o certo seria deixá-lo como está para que o próprio organismo tenha condições de repará-lo. Podem ocorrer, também, rompimentos dos pontos colocados para fechar o local, por mastigação indevida no mesmo ou, ainda, por ações tóxicas de drogas medicamentosas. Constatados por odor fétido, gosto ruim, dor ou edema, na maioria dos casos, de dois a quatro dias após a extração, podendo permanecer por dez a vinte dias.

A maioria dos dentistas pede a seus pacientes após extrações, que o visitem dois ou três dias depois para controle e sete a dez dias para retirada dos pontos. Alguns esquecem a visita de controle, que é justamente o período de risco, entendendo que o mais importante é a retirada dos pontos. Havendo suspeitas por coincidência dos sintomas característicos do problema procure o dentista.

Sempre o dentista que acompanha a saúde dental de uma pessoa é o mais indicado para fazer extrações, principalmente pelo fator confiança, exceto no caso dos sisos, quando um cirurgião pode ser o indicado. Na hipótese de uma alveolite, procure sempre o profissional que realizou a extração, em função deste saber detalhes de como e em que condições a mesma se processou e se existe algum provável motivo para seu surgimento. Seu tratamento é rápido e fácil, pela interrupção do processo e restabelecimento do coágulo.

             As extrações dentárias devem ser a última coisa que o dentista deve fazer. Não por serem difíceis, porque, quando um dente está condenado, costuma sair fácil, mas pelo que elas significam: tirar a razão da profissão que escolheram; não a de serem dentistas mas sim cuidarem da saúde bucal. Por isso, a maioria só o faz em última instância, quando já foram esgotadas todas as alternativas para salvar o dente. Da prevenção ao boticão, está contada a vida de um dente que nos deveria acompanhar pela vida inteira. Se bem que, com os implantes, pelo menos aqui na terra, já existe outra vida, de forma que não se aborreça por já ter perdido algum dente. Os implantes irão ajudá-lo a trazer de volta o seu sorriso.

Fazer extrações só tem vantagens quando os dentes a serem extraídos estiverem atrapalhando os outros, como nos casos da ortodontia ou dos do siso. Ou quando seu estado, por doenças, ser origem de focos infecciosos, que estiverem pondo em risco a saúde do paciente. Ainda assim se não houverem meios de combater estas, sem ter que extrair o dente. Por todos estes cuidados, fica claro que as extrações são a última opção e que só devem ser realizadas quando todas as tentativas para salvamento do dente tiverem sido tentadas.

O seu próprio dentista deve ser procurado para esclarecer e orientar quanto à necessidade de alguma extração ou sobre o que pode ser feito para não fazê-la. Quanto mais você demorar para ir visitá-lo, menores serão as chances de salvar o dente. Para os casos de extrações com finalidade de tratamento ortodôntico, muitas vezes o indicado é que um cirurgião as faça, dadas as exigências que alguns casos requerem, quanto à preservação do tecido ósseo adjacente, que será importante para o tratamento ou, ainda, porque alguns dentes a extrair não erupcionaram, como os do siso e por conta disto apresentem dificuldades maiores no procedimento.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 05mar2012

                  Hoje falarei sobre dois assuntos que são muito perguntados nas minhas palestras: o primeiro é sobre implante dentário e o segundo é sobre tratamento de canal.

Antigamente, quando se perdia um dente, por cárie, acidente ou doença periodontal, a alternativa era desgastar dois dentes vizinhos e cimentar uma prótese. Quando se perdiam muitos dentes, fazia-se uma ponte móvel, apoiada em alguns dentes e nas gengivas e no caso da perda de todos os dentes, confeccionava-se uma dentadura, apoiada exclusivamente nas gengivas. Com a chegada dos implantes, que são raízes artificiais, colocadas no lugar e com semelhanças em forma e função, perdido um dente, coloca-se um implante e em cima deste uma prótese exatamente igual ao dente perdido e o caso está resolvido sem ter que desgastar nenhum dente bom que estiver ao lado do implante, pelo contrário, por não desgastá-lo, ajuda-se a mantê-lo. O mesmo acontece quando a perda for de mais de um dente e no caso da perda de todos os dentes, podem ser colocados dois a quatro implantes, de acordo com o caso, e nestes apoiar uma sobre-dentadura, que terá muito mais estabilidade que a dentadura convencional, além de permitir mastigar, falar e sorrir melhor do que se fazia antes.

A colocação é simples e feita no próprio consultório do dentista, que no dia receberá cuidados especiais, sem dor e que demorará menos de trinta minutos por implante colocado. Se forem mais implantes, demorará menos ainda, porque alguns procedimentos são repetitivos e dispensáveis no caso de mais implantes. Toda colocação consiste em abrir um orifício no osso, como era o que você tinha suportando a raiz do dente, e neste introduzir o implante, fechando-o com uma tampinha de proteção. Depois de unido ao osso, remove-se a tampinha e no lugar desta é colocada a prótese, sem dor, sem anestesia e com a vantagem de poder ser trocada, caso, por alguma batida, você vier a quebrá-la, o que não acontecia antes com os dentes.

Uma das grandes vantagens dos implantes em relação às próteses que se usavam antes, é que embaixo destes, quando bem higienizados, não ocorrem cáries e nem forma a placa bacteriana. Outra é que não precisando usar os dentes vizinhos como apoio, não são necessários tratamentos de canal, que eram indispensáveis no caso deste dente vir a sustentar próteses. Além do que a prótese sustentada em dois dentes para repor o perdido entre eles era cobrada como três, por que envolvia três coroas, duas nos dentes e uma suspensa. No caso dos implantes é cobrada somente uma, porque somente o implante recebe a prótese. Na prática a grande vantagem é que o implante é uma coroa única, sem se apoiar nos vizinhos e nas próteses eram unidos por trás, fazendo com que a higienização tivesse que passar a ser feita por baixo, com uso de escovas especiais e dificultando a passagem do fio dental, que nestas tinha que ser introduzido por baixo. Além disto, a maioria dos implantes recebem as próteses por micro-parafusos, que permitem ser removidas, sempre que houver suspeitas de má higienização.

Se você perdeu ou está perdendo um dente, não deixe de perguntar ao seu dentista sobre a colocação de um implante. Se ele não os coloca, lhe indicará um colega especialista, conhecido como implantodontista, que lhe colocará, sendo a prótese depois colocada por seu próprio dentista, visto serem mais fáceis e de mais precisão que as próteses convencionais. Somente casos muito complicados precisarão de próteses confeccionadas por especialistas. Os implantes baixaram tanto de preço, a exemplo de tudo que começa a ser feito em grande quantidade, que hoje, na maioria dos casos, saem mais baratos do que as próteses convencionais.

 Canal radicular é a parte das raízes dos dentes por onde passa o conjunto de vasos e nervos que ligam os dentes ao sistema nervoso central. Pode-se dizer, também, que é o espaço ocupado pela polpa dentária radicular. Em conseqüência de cáries não tratadas e que atingem o terceiro grau (o primeiro é o esmalte, o segundo a dentina e o terceiro a polpa ou canal), quando ele ainda se encontra com vitalidade, penetrando na câmara pulpar numa forma de invasão, contaminando esta região, a qual se isto não acontecesse, permaneceria fechada, sem contato com o meio externo. As proteções maiores estão no esmalte e na dentina. Quando chega na polpa, a invasão é rápida e fácil, desencadeando o processo de infecção dos canais radiculares. Este é o momento em que os canais precisam ser tratados, inclusive porque, na sua fase aguda, com os microorganismos enclausurados nos tecidos, a dor é intensa, chegando em muitos casos a ser insuportável.

 A primeira parte do tratamento de canal é sua desinfecção, quando se removem os restos pulpares com dentina infectada e outras substâncias estranhas das paredes dentinárias. Esta etapa é mecânica, mas inclui a utilização de elementos químicos, como o hipoclorito de sódio para lavagem dos condutos. Sua complementação é feita com medicação para ação regenerativa indutora da formação de uma capa dura de hidróxido de cálcio para sua proteção, na forma de um recobrimento direto ou indireto. Conclui-se o tratamento do canal com sua obturação definitiva, fase que só acontece após um fechamento provisório por 24 horas, para melhor avaliação do tratamento feito. De acordo com as necessidades de abertura do canal, pela perda de dentina e esmalte, a obturação é feita para permitir maior resistência ao dente, ou ainda, para que o mesmo possa receber uma restauração metálica ou servir de suporte para confecção de uma prótese apoiada em sua estrutura remanescente.

Motivo maior para se fazer o tratamento de canal é não perder o dente. Nos casos em que o tratamento de canal é feito em tempo hábil, permite-se o aproveitamento integral do dente mediante uma simples restauração. Se alguns dentes já foram perdidos, outros dentes serão utilizados para sustentar próteses que irão repor os dentes perdidos. Nestes casos, quase sempre o tratamento de canal é necessário para que não aconteçam problemas depois que a prótese já tenha sido colocada tendo-se que removê-la para tratar os canais. Outra vantagem do tratamento de canal, quando necessário, é o fato de que um canal tratado tira a vitalidade daquele dente, ou seja, este dente não tem mais possibilidade de vir a doer. Deve-se pensar também que dentes infeccionados estão espalhando pelo corpo agentes infecciosos, justamente por nossa porta de entrada mais direta, que é a boca, podendo desencadear outros processos infecciosos. Por estes motivos, canais infeccionados devem ser tratados o quanto antes, inclusive para evitar a fase aguda, em que a dor é latejante.

Todos os dentistas aprendem a fazer tratamentos de canal. Os canais dos dentes anteriores, além de serem unitários, são retos e de mais fácil tratamento. Os pré-molares tem dois canais e os molares três, sendo, nestes últimos, comuns os canais curvos em função de serem tortas as raízes de muitos dentes. Canais curvos, e com canais secundários são de mais difícil tratamento, motivo pelo qual alguns profissionais preferem optar por encaminhar este tipo de paciente a especialistas. Os especialistas em tratamento de canais são chamados de endodontistas e, normalmente, preferem que os pacientes venham indicados por seus dentistas, para saberem de antemão o que pretendem estes colocar sobre o dente que terá seus canais tratados. Canal só dói se não tratado. Feito o tratamento, não dói mais.

Neste último bloco gostaria de dizer algumas breves palavras sobre aftas, a pedido dos nossos ouvintes. As aftas são vesículas (elevações superficiais), isoladas ou em grupos, mais costumeiramente presentes no inverno ou primavera, sendo o estresse físico e um momento de debilidade os fatores que colaboram para o seu surgimento. Podem se manifestar em qualquer parte da mucosa oral, exceto no palato e nas gengivas. Os herpes também são  vesículas, causadas por vírus, com sintomatologia de vermelhidão e rompimento em forma de pequenas úlceras que, ao contrário das aftas, podem se instalar no palato ou nas gengivas. Seu vírus permanece latente nas células, podendo voltar quando houver uma queda de resistência dos tecidos. Para ambas existe medicação apropriada, curando-as em períodos de quatro a cinco dias, sem deixar cicatrizes.

A importância de tratá-las adequadamente está no fato de que podem se alastrar, tornando-se dolorosas e serem passadas em forma de infecção herpética ou tornarem-se lesões persistentes. Medicadas, aliviam os sintomas e reduzirem as probabilidades de retorno rápido, com pequena diminuição em seu ciclo. Para as aftas, a razão do tratamento é seu incômodo e no herpes o desconforto é sentido pela aparência, que a própria medicação tenta ocultar.

Tendo-as com freqüência e habituado a seu tratamento e conhecendo a medicação adequada, não há motivo para comparecer ao dentista, o que deve ocorrer se, passado o período normal de incubação, elas não regredirem ou ainda, aumentarem em quantidade e tamanho, o que pode sinalizar baixa resistência, outra razão a ser averiguada. Procure ter anotada esta e outras medicações em sua agenda, para não recorrer a palpites de balconistas.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

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