domingo, 22 de julho de 2012

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 05mar2012

                  Hoje falarei sobre dois assuntos que são muito perguntados nas minhas palestras: o primeiro é sobre implante dentário e o segundo é sobre tratamento de canal.

Antigamente, quando se perdia um dente, por cárie, acidente ou doença periodontal, a alternativa era desgastar dois dentes vizinhos e cimentar uma prótese. Quando se perdiam muitos dentes, fazia-se uma ponte móvel, apoiada em alguns dentes e nas gengivas e no caso da perda de todos os dentes, confeccionava-se uma dentadura, apoiada exclusivamente nas gengivas. Com a chegada dos implantes, que são raízes artificiais, colocadas no lugar e com semelhanças em forma e função, perdido um dente, coloca-se um implante e em cima deste uma prótese exatamente igual ao dente perdido e o caso está resolvido sem ter que desgastar nenhum dente bom que estiver ao lado do implante, pelo contrário, por não desgastá-lo, ajuda-se a mantê-lo. O mesmo acontece quando a perda for de mais de um dente e no caso da perda de todos os dentes, podem ser colocados dois a quatro implantes, de acordo com o caso, e nestes apoiar uma sobre-dentadura, que terá muito mais estabilidade que a dentadura convencional, além de permitir mastigar, falar e sorrir melhor do que se fazia antes.

A colocação é simples e feita no próprio consultório do dentista, que no dia receberá cuidados especiais, sem dor e que demorará menos de trinta minutos por implante colocado. Se forem mais implantes, demorará menos ainda, porque alguns procedimentos são repetitivos e dispensáveis no caso de mais implantes. Toda colocação consiste em abrir um orifício no osso, como era o que você tinha suportando a raiz do dente, e neste introduzir o implante, fechando-o com uma tampinha de proteção. Depois de unido ao osso, remove-se a tampinha e no lugar desta é colocada a prótese, sem dor, sem anestesia e com a vantagem de poder ser trocada, caso, por alguma batida, você vier a quebrá-la, o que não acontecia antes com os dentes.

Uma das grandes vantagens dos implantes em relação às próteses que se usavam antes, é que embaixo destes, quando bem higienizados, não ocorrem cáries e nem forma a placa bacteriana. Outra é que não precisando usar os dentes vizinhos como apoio, não são necessários tratamentos de canal, que eram indispensáveis no caso deste dente vir a sustentar próteses. Além do que a prótese sustentada em dois dentes para repor o perdido entre eles era cobrada como três, por que envolvia três coroas, duas nos dentes e uma suspensa. No caso dos implantes é cobrada somente uma, porque somente o implante recebe a prótese. Na prática a grande vantagem é que o implante é uma coroa única, sem se apoiar nos vizinhos e nas próteses eram unidos por trás, fazendo com que a higienização tivesse que passar a ser feita por baixo, com uso de escovas especiais e dificultando a passagem do fio dental, que nestas tinha que ser introduzido por baixo. Além disto, a maioria dos implantes recebem as próteses por micro-parafusos, que permitem ser removidas, sempre que houver suspeitas de má higienização.

Se você perdeu ou está perdendo um dente, não deixe de perguntar ao seu dentista sobre a colocação de um implante. Se ele não os coloca, lhe indicará um colega especialista, conhecido como implantodontista, que lhe colocará, sendo a prótese depois colocada por seu próprio dentista, visto serem mais fáceis e de mais precisão que as próteses convencionais. Somente casos muito complicados precisarão de próteses confeccionadas por especialistas. Os implantes baixaram tanto de preço, a exemplo de tudo que começa a ser feito em grande quantidade, que hoje, na maioria dos casos, saem mais baratos do que as próteses convencionais.

 Canal radicular é a parte das raízes dos dentes por onde passa o conjunto de vasos e nervos que ligam os dentes ao sistema nervoso central. Pode-se dizer, também, que é o espaço ocupado pela polpa dentária radicular. Em conseqüência de cáries não tratadas e que atingem o terceiro grau (o primeiro é o esmalte, o segundo a dentina e o terceiro a polpa ou canal), quando ele ainda se encontra com vitalidade, penetrando na câmara pulpar numa forma de invasão, contaminando esta região, a qual se isto não acontecesse, permaneceria fechada, sem contato com o meio externo. As proteções maiores estão no esmalte e na dentina. Quando chega na polpa, a invasão é rápida e fácil, desencadeando o processo de infecção dos canais radiculares. Este é o momento em que os canais precisam ser tratados, inclusive porque, na sua fase aguda, com os microorganismos enclausurados nos tecidos, a dor é intensa, chegando em muitos casos a ser insuportável.

 A primeira parte do tratamento de canal é sua desinfecção, quando se removem os restos pulpares com dentina infectada e outras substâncias estranhas das paredes dentinárias. Esta etapa é mecânica, mas inclui a utilização de elementos químicos, como o hipoclorito de sódio para lavagem dos condutos. Sua complementação é feita com medicação para ação regenerativa indutora da formação de uma capa dura de hidróxido de cálcio para sua proteção, na forma de um recobrimento direto ou indireto. Conclui-se o tratamento do canal com sua obturação definitiva, fase que só acontece após um fechamento provisório por 24 horas, para melhor avaliação do tratamento feito. De acordo com as necessidades de abertura do canal, pela perda de dentina e esmalte, a obturação é feita para permitir maior resistência ao dente, ou ainda, para que o mesmo possa receber uma restauração metálica ou servir de suporte para confecção de uma prótese apoiada em sua estrutura remanescente.

Motivo maior para se fazer o tratamento de canal é não perder o dente. Nos casos em que o tratamento de canal é feito em tempo hábil, permite-se o aproveitamento integral do dente mediante uma simples restauração. Se alguns dentes já foram perdidos, outros dentes serão utilizados para sustentar próteses que irão repor os dentes perdidos. Nestes casos, quase sempre o tratamento de canal é necessário para que não aconteçam problemas depois que a prótese já tenha sido colocada tendo-se que removê-la para tratar os canais. Outra vantagem do tratamento de canal, quando necessário, é o fato de que um canal tratado tira a vitalidade daquele dente, ou seja, este dente não tem mais possibilidade de vir a doer. Deve-se pensar também que dentes infeccionados estão espalhando pelo corpo agentes infecciosos, justamente por nossa porta de entrada mais direta, que é a boca, podendo desencadear outros processos infecciosos. Por estes motivos, canais infeccionados devem ser tratados o quanto antes, inclusive para evitar a fase aguda, em que a dor é latejante.

Todos os dentistas aprendem a fazer tratamentos de canal. Os canais dos dentes anteriores, além de serem unitários, são retos e de mais fácil tratamento. Os pré-molares tem dois canais e os molares três, sendo, nestes últimos, comuns os canais curvos em função de serem tortas as raízes de muitos dentes. Canais curvos, e com canais secundários são de mais difícil tratamento, motivo pelo qual alguns profissionais preferem optar por encaminhar este tipo de paciente a especialistas. Os especialistas em tratamento de canais são chamados de endodontistas e, normalmente, preferem que os pacientes venham indicados por seus dentistas, para saberem de antemão o que pretendem estes colocar sobre o dente que terá seus canais tratados. Canal só dói se não tratado. Feito o tratamento, não dói mais.

Neste último bloco gostaria de dizer algumas breves palavras sobre aftas, a pedido dos nossos ouvintes. As aftas são vesículas (elevações superficiais), isoladas ou em grupos, mais costumeiramente presentes no inverno ou primavera, sendo o estresse físico e um momento de debilidade os fatores que colaboram para o seu surgimento. Podem se manifestar em qualquer parte da mucosa oral, exceto no palato e nas gengivas. Os herpes também são  vesículas, causadas por vírus, com sintomatologia de vermelhidão e rompimento em forma de pequenas úlceras que, ao contrário das aftas, podem se instalar no palato ou nas gengivas. Seu vírus permanece latente nas células, podendo voltar quando houver uma queda de resistência dos tecidos. Para ambas existe medicação apropriada, curando-as em períodos de quatro a cinco dias, sem deixar cicatrizes.

A importância de tratá-las adequadamente está no fato de que podem se alastrar, tornando-se dolorosas e serem passadas em forma de infecção herpética ou tornarem-se lesões persistentes. Medicadas, aliviam os sintomas e reduzirem as probabilidades de retorno rápido, com pequena diminuição em seu ciclo. Para as aftas, a razão do tratamento é seu incômodo e no herpes o desconforto é sentido pela aparência, que a própria medicação tenta ocultar.

Tendo-as com freqüência e habituado a seu tratamento e conhecendo a medicação adequada, não há motivo para comparecer ao dentista, o que deve ocorrer se, passado o período normal de incubação, elas não regredirem ou ainda, aumentarem em quantidade e tamanho, o que pode sinalizar baixa resistência, outra razão a ser averiguada. Procure ter anotada esta e outras medicações em sua agenda, para não recorrer a palpites de balconistas.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

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