Antigamente,
quando se perdia um dente, por cárie, acidente ou doença periodontal, a
alternativa era desgastar dois dentes vizinhos e cimentar uma prótese. Quando
se perdiam muitos dentes, fazia-se uma ponte móvel, apoiada em alguns dentes e
nas gengivas e no caso da perda de todos os dentes, confeccionava-se uma
dentadura, apoiada exclusivamente nas gengivas. Com a chegada dos implantes,
que são raízes artificiais, colocadas no lugar e com semelhanças em forma e
função, perdido um dente, coloca-se um implante e em cima deste uma prótese
exatamente igual ao dente perdido e o caso está resolvido sem ter que desgastar
nenhum dente bom que estiver ao lado do implante, pelo contrário, por não
desgastá-lo, ajuda-se a mantê-lo. O mesmo acontece quando a perda for de mais
de um dente e no caso da perda de todos os dentes, podem ser colocados dois a
quatro implantes, de acordo com o caso, e nestes apoiar uma sobre-dentadura,
que terá muito mais estabilidade que a dentadura convencional, além de permitir
mastigar, falar e sorrir melhor do que se fazia antes.
A
colocação é simples e feita no próprio consultório do dentista, que no dia
receberá cuidados especiais, sem dor e que demorará menos de trinta minutos por
implante colocado. Se forem mais implantes, demorará menos ainda, porque alguns
procedimentos são repetitivos e dispensáveis no caso de mais implantes. Toda
colocação consiste em abrir um orifício no osso, como era o que você tinha
suportando a raiz do dente, e neste introduzir o implante, fechando-o com uma
tampinha de proteção. Depois de unido ao osso, remove-se a tampinha e no lugar
desta é colocada a prótese, sem dor, sem anestesia e com a vantagem de poder
ser trocada, caso, por alguma batida, você vier a quebrá-la, o que não
acontecia antes com os dentes.
Uma
das grandes vantagens dos implantes em relação às próteses que se usavam antes,
é que embaixo destes, quando bem higienizados, não ocorrem cáries e nem forma a
placa bacteriana. Outra é que não precisando usar os dentes vizinhos como
apoio, não são necessários tratamentos de canal, que eram indispensáveis no
caso deste dente vir a sustentar próteses. Além do que a prótese sustentada em
dois dentes para repor o perdido entre eles era cobrada como três, por que
envolvia três coroas, duas nos dentes e uma suspensa. No caso dos implantes é
cobrada somente uma, porque somente o implante recebe a prótese. Na prática a
grande vantagem é que o implante é uma coroa única, sem se apoiar nos vizinhos
e nas próteses eram unidos por trás, fazendo com que a higienização tivesse que
passar a ser feita por baixo, com uso de escovas especiais e dificultando a
passagem do fio dental, que nestas tinha que ser introduzido por baixo. Além
disto, a maioria dos implantes recebem as próteses por micro-parafusos, que
permitem ser removidas, sempre que houver suspeitas de má higienização.
Se
você perdeu ou está perdendo um dente, não deixe de perguntar ao seu dentista
sobre a colocação de um implante. Se ele não os coloca, lhe indicará um colega
especialista, conhecido como implantodontista, que lhe colocará, sendo a
prótese depois colocada por seu próprio dentista, visto serem mais fáceis e de
mais precisão que as próteses convencionais. Somente casos muito complicados
precisarão de próteses confeccionadas por especialistas. Os implantes baixaram
tanto de preço, a exemplo de tudo que começa a ser feito em grande quantidade,
que hoje, na maioria dos casos, saem mais baratos do que as próteses
convencionais.
A primeira parte do tratamento de canal é sua
desinfecção, quando se removem os restos pulpares com dentina infectada e
outras substâncias estranhas das paredes dentinárias. Esta etapa é mecânica,
mas inclui a utilização de elementos químicos, como o hipoclorito de sódio para
lavagem dos condutos. Sua complementação é feita com medicação para ação
regenerativa indutora da formação de uma capa dura de hidróxido de cálcio para
sua proteção, na forma de um recobrimento direto ou indireto. Conclui-se o
tratamento do canal com sua obturação definitiva, fase que só acontece após um
fechamento provisório por 24 horas, para melhor avaliação do tratamento feito.
De acordo com as necessidades de abertura do canal, pela perda de dentina e
esmalte, a obturação é feita para permitir maior resistência ao dente, ou
ainda, para que o mesmo possa receber uma restauração metálica ou servir de
suporte para confecção de uma prótese apoiada em sua estrutura remanescente.
Motivo
maior para se fazer o tratamento de canal é não perder o dente. Nos casos em
que o tratamento de canal é feito em tempo hábil, permite-se o aproveitamento
integral do dente mediante uma simples restauração. Se alguns dentes já foram
perdidos, outros dentes serão utilizados para sustentar próteses que irão repor
os dentes perdidos. Nestes casos, quase sempre o tratamento de canal é
necessário para que não aconteçam problemas depois que a prótese já tenha sido
colocada tendo-se que removê-la para tratar os canais. Outra vantagem do
tratamento de canal, quando necessário, é o fato de que um canal tratado tira a
vitalidade daquele dente, ou seja, este dente não tem mais possibilidade de vir
a doer. Deve-se pensar também que dentes infeccionados estão espalhando pelo
corpo agentes infecciosos, justamente por nossa porta de entrada mais direta,
que é a boca, podendo desencadear outros processos infecciosos. Por estes
motivos, canais infeccionados devem ser tratados o quanto antes, inclusive para
evitar a fase aguda, em que a dor é latejante.
Todos
os dentistas aprendem a fazer tratamentos de canal. Os canais dos dentes
anteriores, além de serem unitários, são retos e de mais fácil tratamento. Os
pré-molares tem dois canais e os molares três, sendo, nestes últimos, comuns os
canais curvos em função de serem tortas as raízes de muitos dentes. Canais
curvos, e com canais secundários são de mais difícil tratamento, motivo pelo
qual alguns profissionais preferem optar por encaminhar este tipo de paciente a
especialistas. Os especialistas em tratamento de canais são chamados de endodontistas
e, normalmente, preferem que os pacientes venham indicados por seus dentistas,
para saberem de antemão o que pretendem estes colocar sobre o dente que terá
seus canais tratados. Canal só dói se não tratado. Feito o tratamento, não dói
mais.
Neste
último bloco gostaria de dizer algumas breves palavras sobre aftas, a pedido
dos nossos ouvintes. As aftas são vesículas (elevações superficiais), isoladas
ou em grupos, mais costumeiramente presentes no inverno ou primavera, sendo o
estresse físico e um momento de debilidade os fatores que colaboram para o seu
surgimento. Podem se manifestar em qualquer parte da mucosa oral, exceto no
palato e nas gengivas. Os herpes também são
vesículas, causadas por vírus, com sintomatologia de vermelhidão e
rompimento em forma de pequenas úlceras que, ao contrário das aftas, podem se
instalar no palato ou nas gengivas. Seu vírus permanece latente nas células,
podendo voltar quando houver uma queda de resistência dos tecidos. Para ambas
existe medicação apropriada, curando-as em períodos de quatro a cinco dias, sem
deixar cicatrizes.
A
importância de tratá-las adequadamente está no fato de que podem se alastrar,
tornando-se dolorosas e serem passadas em forma de infecção herpética ou
tornarem-se lesões persistentes. Medicadas, aliviam os sintomas e reduzirem as
probabilidades de retorno rápido, com pequena diminuição em seu ciclo. Para as
aftas, a razão do tratamento é seu incômodo e no herpes o desconforto é sentido
pela aparência, que a própria medicação tenta ocultar.
Tendo-as
com freqüência e habituado a seu tratamento e conhecendo a medicação adequada,
não há motivo para comparecer ao dentista, o que deve ocorrer se, passado o
período normal de incubação, elas não regredirem ou ainda, aumentarem em
quantidade e tamanho, o que pode sinalizar baixa resistência, outra razão a ser
averiguada. Procure ter anotada esta e outras medicações em sua agenda, para
não recorrer a palpites de balconistas.
Dr. Marco Antonio Franco Cançado