domingo, 22 de julho de 2012

Programa Sorria Sempre - Rádio Nova Aliança - 9jul2012

            Hoje falarei sobre como as bactérias que se encontram na boca podem levar a um problema cardíaco e  placa de relaxamento muscular bucal.


       A quase totalidade dos congressos de cardiologia dos tempos atuais tem debatido um tipo de problema cardiológico que vem se tornando cada vez mais freqüente entre seus pacientes, que são as endocardites bacterianas, decorrentes de processos infecciosos, principalmente os que têm origem na cavidade oral e, por conseqüência, causadores de uma proliferação de bactérias nocivas ao organismo. O fato preocupante é que pessoas com alguma predisposição a problemas cardiológicos, com uma simples inflamação das gengivas ou infecção de um canal não tratado, aumentam enormemente o risco de sofrerem acidentes cardiológicos, que poderiam ser evitados ou ter seu risco sensivelmente reduzido.

Solução odontológica para estes problemas é simples e de fácil tratamento. Constitui-se no tratamento de cáries, inflamações das gengivas decorrentes da presença de tártaro ou placa bacteriana e tratamento dos canais radiculares quando infeccionados ou em vias de vir a apresentarem problemas em decorrência de cáries muito extensas, não tratadas no tempo certo. Solucionada a origem destes e de algum outro problema que poderá vir a se tornar foco infeccioso, além da correta continuidade de higienização para que os motivos que originaram estes problemas não retornem, a probabilidade de propagação de bactérias  originadas na cavidade bucal reduz-se a quase improbabilidade de seu ressurgimento enquanto mantido o tratamento. Pacientes que já apresentaram manifestações cardiológicas ou de infecção na cavidade oral, devem ser, eles próprios, os grandes zeladores para que as causas destes riscos não voltem a se manifestar.

A partir dos trinta e cinco, quarenta anos, pessoas com algum histórico cardiológico na família ou portadores de algum fator de risco, como, por exemplo: hipertensão, fumo ou dependência alcoólica devem anualmente fazer um “check up” bucal, procurando identificar dentes ou áreas das gengivas que, se não tratadas, poderão originar um processo infeccioso e permitir que as bactérias dele conseqüentes migrem naturalmente, com os alimentos, para a circulação sanguínea e desta para o coração. Os cardiologistas, por estarem preocupados com outros sintomas ou manifestações dos problemas do coração, nem sempre tem sua atenção voltada para este fator de risco, até porque os exames cardiológicos, de rotina não incluem exame bucal e mesmo que o fizessem, seria difícil a identificação destes problemas por se tratar de outra área, com patologias distintas.

Todo paciente, com algum tipo de problema cardio­lógico, mesmo que de pequeno risco, deve informá-lo a seu dentista, para sua própria segurança e para que o profissional de posse desta informação use medicamentos e materiais apropriados para o seu caso, como por exemplo, anestésicos sem vaso constritor. Não tendo esta informação os dentistas usam, rotineiramente, os do tipo com vaso constritor, para evitar ou diminuir o sangramento, ainda que pequeno, durante seu trabalho, para comodidade do paciente. Outra razão é a prescrição de medicamentos após as cirurgias que caso, haja contra-indicação, pode e deve ser alterada. Não existe motivo para pacientes com algum tipo de problema cardiológico buscar especialista na Odontologia, mas não deve o paciente a qualquer pretexto omitir tal informação. Todos os dentistas foram preparados durante os longos anos de estudo que tiveram, a tratar pessoas nestas situações, inclusive para primeiro socorros que por ventura se façam necessários. Comentado o fato, os dentistas tratarão inclusive de diminuir a ansiedade do paciente que poderia levar a um aumento da pressão, fazendo com que seu tratamento ande num ritmo mais pausado, sem apuros.

Um dos males que mais afeta a humanidade nos dias de hoje, e que será a doença mais comum do futuro próximo é o estresse. Com a massificação da mídia, o câncer perdeu lugar para a AIDS, como motivo de maior temor e esta depois de vinte anos já está deixando de ser notícia, permitindo antever que, em breve, o maior medo das pessoas com relação a morte estará relacionado ao desgaste da trepidante vida moderna, sua competitividade, o desgaste natural de viver intensamente e os riscos de enfarto, uma das respostas a globalização. Mesmo nos períodos de repouso, as pessoas continuam tensas e uma das conseqüências é apertar ou ranger os dentes, ato chamado de bruxismo e bruxômano o seu portador. Inicialmente considerado um hábito, depois entendido como um vício e hoje estudado e tratado como doença, principalmente pelo fato de destruir próteses, quebrar restaurações, provocar ao longo dos anos um afrouxamento dos dentes e gerar um tipo de doença periodontal, o bruxismo pode causar ainda traumas oclusais,  perda óssea, e desgaste dentário excessivo.

 Por todos estes motivos os seus portadores, muitas vezes sem saber, correm riscos que poderiam ser evitados, caso algum parente percebesse esta anomalia durante seu sono e lhe relatasse. Assim alertado, seu dentista poderá intervir antes que o mal se alastre e próteses precisem ser trocadas. Principalmente porque o tratamento para este mal é simples e fácil e, além de barato, não causar nenhum tipo de dor. Consiste no uso de uma placa de relaxamento, normalmente usada no período noturno, enquanto se dorme, sem nenhuma interferência no seu sono. Confeccionadas em acrílico transparente a partir de uma moldagem de seus dentes, funcionam como mio-relaxantes, impedindo o ranger dos dentes e distribuindo o apertar dos dentes para toda a arcada, ao invés de sobre alguns poucos, como acontece sem o uso da placa. A indicação inicial é somente para uso noturno, durante seis meses, para promover um relaxamento da musculatura dos maxilares, que, após reposicionada, tende a eliminar o ranger dos dentes. Portadores do problema há mais tempo e que nunca o trataram ou que sejam, por natureza, muito tensos e agitados e que já apresentem sintomas adiantados, com risco de perda dos dentes ou quebra de próteses, poderão ser orientados a usar as placas de relaxamento por mais tempo, principalmente nos seus momentos de maior estresse, como dirigir nas grandes cidades, por exemplo.

As vantagens do uso das placas mio-relaxantes são imediatas. Já nos primeiros dias se constata uma melhora significativa, principalmente nos pacientes que apresentavam dor na articulação temporomandibular. Esta tende a sumir em poucos dias de uso da placa e o ato de morder os dentes tende a diminuir pela simples presença de um anteparo, que, além disso estará protegendo dentes, restaurações e próteses do ranger que não mais acontece. A pior coisa que pode acontecer depois dos seis meses de uso da placa, caso a pessoa continue na vida agitada é ter que, a cada período de seis meses, voltar a usar a placa. Para muitos, a simples reposição da musculatura e mandíbula é suficiente para solucionar o problema em definitivo.

Tendo vida agitada e na dúvida, relate o fato a seu dentista, que por observações na face oclusal dos seus dentes, poderá identificar desgastes por mordedura crônica e, para fazer um diagnóstico mais completo, poderá indicar-lhe o uso de uma placa por um período menor, como maneira de se certificar de seus sintomas com relação a estas e outras disfunções da articulação temporomandibular, que também podem requerer placas mio-relaxantes como alternativa de solução.


Dr. Marco Antonio Franco Cançado

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